
LONDRES | Em viagem à Inglaterra, o governador Paulo Dantas afirmou à Gazeta que acompanha de perto os impactos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao açúcar brasileiro e que já articula medidas para proteger o setor sucroenergético de Alagoas.
Segundo ele, a decisão americana é “desastrosa” e ameaça um dos pilares econômicos do estado, responsável por cerca de 60 mil empregos diretos e por movimentar a economia de pelo menos dez municípios.
“O setor sucroalcooleiro é um dos mais importantes de Alagoas. Cerca de 15% da nossa produção era comercializada com os Estados Unidos. Estamos em contato permanente com o governo federal e com o setor para abrir novos mercados e dar o suporte necessário, a fim de evitar o fechamento de empresas e a perda de empregos”, declarou.
O setor já enfrentava dificuldades antes mesmo de o tarifaço entrar em vigor. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que, entre janeiro e julho deste ano, as exportações alagoanas para os EUA caíram 8,6% — o equivalente a R$ 26,6 milhões a menos —, fazendo com que o país norte-americano perdesse a terceira posição no ranking de compradores do estado para a Argélia.
ESTIAGEM E PRESSÃO NO MERCADO
A seca registrada entre o verão de 2024 e o início de 2025 reduziu o desenvolvimento dos canaviais, segundo Henrique Acioly, diretor da Coplan e cooperado da Copervales. A previsão é de queda de até 20% na moagem da safra 2025/2026. “Foi um ciclo muito difícil, com cerca de seis meses praticamente sem chuvas”, disse.
No mercado, o preço do Açúcar Total Recuperável (ATR) registrou retração de até 17% em julho, em razão de um embarque pontual com valores abaixo dos praticados na safra.
Para Edgar Antunes, presidente do Consecana AL/SE e da Asplana, o cenário internacional também exerce pressão. “Houve aumento da produção na Índia e na Tailândia, o que reduziu os preços globais. Se houver corte na produção paulista, podemos ter uma reação do mercado”, avaliou.
MOBILIZAÇÃO
O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), Pedro Robério Nogueira, enviou ofício ao governador solicitando que o estado interceda junto à União e implemente medidas emergenciais, como linhas de crédito, incentivos fiscais e estímulo à diversificação de mercados.
Para Paulo Dantas, a resposta será construída em parceria com todos os atores do setor. “Estamos mantendo diálogo permanente com o presidente Pedro Robério e com o setor produtivo. Vamos trabalhar para preservar empregos, renda e a competitividade do açúcar alagoano no mercado internacional”, concluiu.
0 Comentários