
Um gesto involuntário, quase banal, foi o que interrompeu o protocolo de morte encefálica no jogador Pedro Severino. Após um grave acidente de carro, os médicos chegaram a iniciar os testes para identificar morte cerebral no jogador de 19 anos. O protocolo só é colocado em prática quando o paciente não reage.
“Tossiu, interrompe o protocolo de trauma porque não é morte encefálica”, explica o médico. O reflexo indicava que havia atividade neurológica — e com isso, a possibilidade de vida. “Interromperam imediatamente [o protocolo]. Em nenhum momento Pedro teve constatada morte encefálica”, reforça Gil Teixeira, coordenador da UTI do Hospital Unimed de Ribeirão Preto, que acompanhou o caso.
O acidente aconteceu em 4 de março, quando Pedro seguia para o primeiro treino com o Bragantino, time com o qual havia acabado de assinar contrato. Ele estava acompanhado de um colega de equipe, Pedro Castro, e ambos eram levados por um motorista que, segundo depoimento, dormiu ao volante.
O carro colidiu com a traseira de um caminhão na rodovia, na altura de Americana (SP). Pedro Severino foi o único a sofrer ferimentos graves e foi levado ao Hospital Municipal da cidade.
Com traumatismo craniano severo e múltiplas fraturas na face e na base do crânio, Pedro passou por quatro cirurgias. Uma delas reconstruiu parte da caixa craniana com uma prótese de cimento ósseo fixada com placas de titânio.
Apesar da gravidade do quadro, o jovem atleta começou a apresentar sinais sutis de recuperação: apertou a mão da mãe, falou a palavra “mãe” e, em seguida, escreveu “obrigado” em um caderno dado pela equipe médica.
Após quase 100 dias internado, o jogador Pedro Severino recebeu alta nesta semana. Em meio a sessões de fisioterapia e jogos de videogame, a recuperação surpreendeu médicos e enfermeiros. Ao longo da internação, foram quatro cirurgias, incluindo uma para reconstruir a caixa craniana.
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