
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está conduzindo uma investigação sobre a morte de equinos em diversas regiões do país, após o consumo de rações com suspeita de contaminação. Somente em Alagoas, 69 cavalos morreram até o dia 7 de julho, segundo o Criatório Nova Alcateia.
Entre os animais mortos está o garanhão Quantum de Alcatéia, avaliado em cerca de R$ 12 milhões. O animal morreu no dia 25 de junho, poucos dias antes de completar sete anos de idade. Ele estava alojado no Haras Nova Alcateia, localizado em Atalaia (AL).
De acordo com o Ministério, as rações foram fabricadas pela empresa Nutratta
Mortes no Brasil
No total, já foram confirmadas 238 mortes de equídeos em diferentes regiões do país. O número de animais que adoeceram, mas sobreviveram, ainda não foi divulgado.
Também estão sendo apuradas outras mortes ao redor do país:
- 40 no sudoeste da Bahia,
- 70 em Goiânia (GO);
- 34 em Jarinu (SP);
- 10 em Santo Antônio do Pinhal (SP);
- 18 em Uberlândia (MG);
- 8 em Guaranésia (MG);
- 8 em Jequeri (MG); e
- 7 em Mariana (MG).
Segundo o órgão, o último processo de inspeção na Nutratta ocorreu em fevereiro de 2025. Em nota, o Ministério informou que “as ações de fiscalização seguem critérios técnicos, baseados em avaliação de risco, histórico do estabelecimento e denúncias recebidas”.
A investigação identificou a presença de alcaloides pirrolizidínicos, substâncias altamente tóxicas e incompatíveis com a segurança alimentar animal, em amostras da ração. Com isso, o Mapa determinou a suspensão cautelar da produção e comercialização das rações, além de lavrar auto de infração contra a empresa.
Apesar disso, uma decisão judicial recente autorizou parcialmente a retomada da produção e comercialização de rações não destinadas a equídeos. O Ministério recorreu da decisão, apresentando novas evidências técnicas que apontam os riscos à saúde animal.
Haras tomou medidas santiárias
Em nota (leia na íntegra ao final da matéria), o criatório informou que tomou todas as medidas sanitárias e veterinárias desde os primeiros indícios de contaminação da ração.
“Ocorre que a intoxicação derivada de seu consumo é tão violenta e devastadora que, apresentados os sintomas, tentar sanar suas consequências fatais não vem tendo efeito prático.
Até a última segunda-feira (7), 69 animais morreram no criatório. Todos eles com quadros clínicos idênticos.
Fabricante emite nota
A Nutratta se manifestou sobre as mortes. Em nota, a empresa lamentou, e que está colaborando com as investigações e que o caso pode se tratar de uma “fatalidade”:
“Embora as investigações do Ministério da Agricultura e Pecuária ainda estejam em curso, foi divulgada nota técnica no sentido de que as análises laboratoriais preliminares indicaram a presença da substância monocrotalina, que é produzida pela própria natureza, por plantas do gênero Crotalaria – uma leguminosa que é muito utilizada em adubação verde -, e que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diferentes cadeias agroindustriais, tratando-se, pois, de uma fatalidade, caso isso venha a ser confirmado.”. Leia a nota na íntegra no final da matéria.
NOTA DO CRIATÓRIO
Amigos do Marchador,
Acreditamos que todos estão acompanhando a verdadeira tragédia que vive a equinocultura nacional e, em particular, o Haras Nova Alcateia.
Em 50 anos de criação, nunca passamos por momentos tão dificeis. Desde os primeiros indícios de que nossos animais estavam sendo intoxicados pela contaminação da ração produzida pela empresa NUTRATTA NUTRIÇÃO ANIMAL LTDA., todas as medidas sanitárias e veterinárias foram e estão sendo tomadas no sentido de minorar as perdas, inclusive com a imediata suspensão do consumo da referida ração. Ocorre que a intoxicação derivada de seu consumo é tão violenta e devastadora que, apresentados os sintomas,tentar sanar suas consequências fatais não vem tendo efeito prático.
Os laudos preliminares dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária realizados em amostras da ração consumida pelos animais do Haras Nova Alcatéia demonstraram a presença de ALCALOIDES PIRROZILIDÍNICOS (MONOCROTALINA) em concentrações capazes de causar doença e mortes em equídeos e outras espécies.
Até a presente data, 07 de julho de 2025, vieram a óbito 69 (sessenta e nove) animais do Haras Nova Alcatéia, todos, sem exceção, apresentando quadros clinicos idênticos e característicos da intoxicação pelo consumo da substância ALCALOIDES PIRROZILIDÍNICOS (MONOCROTALINA) conforme literatura veterinária.
Informamos também que todo esse processo vem sendo acompanhado de perto pelo MAPA, que esteve presente no Haras Nova Alcateia entre os dias 09 e 12 de junho passados, coletando informações e amostras do produto contaminado e dos animais que vieram a óbito, incluindo realizações de necropsias.
Infelizmente não teremos nossos animais de volta e muito menos esqueceremos os momentos de dor pelos quais estamos passando. No entanto, apesar das incomensuráveis perdas, todas as medidas cabiveis estão sendo tomadas no sentido de que, minimamente, os enormes prejuízos, incluindo de sócios, sejam reparados e que os causadores sejam responsabilizados para que episódios como este não mais se repitam.
Por mim e especialmente, agradecemos penhoradamente as diversas manifestações de solidariedade e carinho de todos os amigos e companheiros, na certeza de que sairemos ainda mais fortalecidos deste processo.
Atenciosamente,
Família Nova Alcateia.
NOTA DA NUTRATTA
A Nutratta lamenta profundamente os relatos de intoxicação e óbitos de animais associados ao Produto Foragge Horse, da linha de nutrição animal equina, e reforça que está colaborando integralmente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elucidar os fatos, inclusive recebendo os técnicos do MAPA em sua planta, fornecendo todos os documentos e informações técnicas solicitadas.
Embora as investigações do Ministério da Agricultura e Pecuária ainda estejam em curso, foi divulgada nota técnica no sentido de que as análises laboratoriais preliminares indicaram a presença da substância monocrotalina, que é produzida pela própria natureza, por plantas do gênero Crotalaria – uma leguminosa que é muito utilizada em adubação verde -, e que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diferentes cadeias agroindustriais, tratando-se, pois, de uma fatalidade, caso isso venha a ser confirmado.
Assim, diante da situação excepcional, a Nutratta já adotou medidas adicionais de autocontrole. Entre essas ações estão o reforço das análises laboratoriais, revisão dos protocolos de qualificação de fornecedores e rastreabilidade das matérias-primas vegetais, revisão completa dos processos sanitários internos e reestruturação do layout fabril.
Por fim, a Nutratta destaca que vem adotando todas as providências cabíveis para mitigar os efeitos da situação, incluindo suporte técnico aos clientes, rastreamento dos lotes envolvidos e revisão de seus processos internos. Ressalta-se que não há, até o momento, conclusão definitiva quanto a eventual nexo de causalidade entre os casos relatados e os produtos da empresa, e que a empresa conseguiu uma liminar na Justiça Federal para restabelecer seu funcionamento quanto à atividade de produção e comércio dos produtos não destinados a equinos.
A Nutratta permanece à disposição das autoridades e da sociedade para prestar os esclarecimentos técnicos necessários, mantendo seu compromisso com a qualidade, a segurança alimentar e o bem-estar animal, valores que sempre nortearam sua atuação.”
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