
Francisco Cuoco, um dos maiores galãs da televisão brasileira, morreu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos. A informação foi confirmada pela família do ator, que o acompanhava em várias idas e vindas ao hospital nos últimos meses. O ator estava internado no Albert Einstein, em São Paulo, há cerca de 20 dias, e estava sedado desde então. Ele sofria complicações de saúde causadas pela idade e por um ferimento que infeccionou, segundo sua irmã, Grácia, com quem morava. A causa da morte, porém, não foi informada.
Cuoco não se destacou exatamente como um daqueles intérpretes virtuoses capazes de grandes transformações em cena. Ao contrário, construiu sua carismática identidade com uma galeria de personagens parecidos uns com os outros, sempre marcados pela voz grave e rouca, olhares sedutores, virilidade e um leve traço noir no jeito de falar.
Esse perfil fez de Cuoco um dos grandes nomes da história da TV brasileira, com forte presença em novelas da Rede Globo, sobretudo no final do século 20. O ator nasceu em novembro de 1933 em uma família pobre do Brás, bairro que foi reduto de italianos na capital paulista. Seu primeiro emprego foi como feirante, ajudando o pai. No início dos anos 1950, começou a intercalar essa atividade com o curso da Escola de Arte Dramática, hoje ligada à USP.
Cuoco estreou profissionalmente no teatro em 1958, ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto (1923-2011). Fazia, na peça “A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso”, com direção de Alberto D’Aversa, um gladiador que já entrava morto em cena. Não tinha falas.No ano seguinte, acompanhou Montenegro e Britto na formação do Teatro dos Sete, companhia que contava ainda com o diretor Gianni Ratto (1916-2005) e o ator Ítalo Rossi (1931-2011), entre outros profissionais.
Paralelamente ao trabalho nos palcos, começou a fazer teleteatro na TV Tupi e, em 1964, estrelou sua primeira novela, “Marcados Pelo Amor”, de Walther Negrão e Roberto Freire, na TV Record. Foi um papel importante para que fosse reconhecido como um dos galãs mais populares da televisão brasileira.
Em 1966, Cuoco protagonizou a novela “Redenção”, de Raimundo Lopes. Dois anos depois, fez pela primeira vez par romântico com a atriz Regina Duarte em “Legião dos Esquecidos”, do mesmo autor, na TV Excelsior. Os dois reapareceram como casal em outros títulos, entre elas, “Selva de Pedra” (1972), um dos maiores sucesso de audiência da Globo, com enredo dramático e policialesco.
Outros personagens carismáticos de Cuoco incluem Carlão, taxista de “Pecado Capital” (1975), e o charlatão Herculano Quintanilha, em “O Astro” (1977), de Janete Clair. Marco da teledramaturgia, o enredo de “O Astro” ganhou nova versão em 2011, com Cuoco assumindo papel secundário na trama.
O ator também fez jornada dupla em outra novela de grande sucesso, “O Outro” (1987), de Aguinaldo Silva, na qual interpretava dois papéis: o empresário Paulo Della Santa e seu sósia, Denizard de Mattos. Um não sabia da existência do outro até certo ponto da trama, e a possibilidade do encontro criava suspense.
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