O ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, movimentou a partir de 2021 grandes quantias de reais e até de dólares em espécie.
Cálculos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Polícia Federal avaliam que o grupo do ex-deputado movimentou R$ 140 milhões em 5 anos.
A ostentação era tanta que TH se deixava fotografar junto a grande quantidade de dinheiro. A polícia suspeita que essas fotos ocorressem na casa de Gabriel Dias Oliveira, o Índio, ou em sua própria residência.
Em uma das imagens, TH está deitado na cama junto a notas de reais que cobrem todo móvel. Os policiais acreditam que ele esteja com R$ 5 milhões do traficante.
Em outro momento, ele está em outro ponto da casa segurando maços de dinheiro. TH foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira (3).
Para a Polícia Federal, TH, Dudu e Índio patrocinaram um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro:
“Os elementos probatórios reunidos nos Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) revelam um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, caracterizado pela movimentação de grandes volumes de dinheiro em espécie, operações de câmbio no mercado paralelo, uso de “laranjas” e empresas aparentemente legítimas para ocultar a origem ilícita dos fundos, e transferências financeiras incompatíveis com a renda declarada dos investigados, tudo visando consolidar e expandir as operações do crime organizado”.
Investigação da Delegacia de Repressão à Entorpecentes, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal mostra que um dos beneficiados no esquema de TH foi o traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, também chamado de “mano”. Para o criminoso que está foragido há mais de uma década, reais foram convertidos em dólares.
De acordo com a investigação, TH enviou para Pezão, em dois meses, abril e maio de 2024, US$ 1,7 milhão.
Na ação de abril de 2024, TH cuidou, segundo a PF, de converter R$ 5 milhões de Pezão em US$ 1 milhão. O traficante Índio fotografou o dinheiro junto a uma parede de sua casa. A foto aconteceu em 16 de abril de 2024.
Os policiais federais descobriram que foi montada uma verdadeira operação entre TH e Dudu, a pedido de Índio, para converter os reais de Pezão em dólares. Em 17 de abril de 2024, TH buscou, segundo a PF, o dinheiro na casa de Índio, no Complexo do Alemão.
Do total, pouco mais de R$ 1 milhão foram enviados a Dudu em Copacabana para o câmbio, enquanto o restante ficou com “TH Joias”, que levou o dinheiro para sua casa na Barra da Tijuca. Parte do dinheiro foi trocado por US$ 60 mil com um doleiro em 17 de abril. E o restante ao longo dos dias seguintes.
A devolução dos dólares começou dois dias depois:
- 19/4/2024 – US$ 405 mil também foi entregue pessoalmente por “TH Joias a Índio dessa vez em um escritório do traficante;
- 21/4/2024 – TH entrega US$ 270 mil;
- 30/4/2024 – TH repassa mais US$ 265 mil;
- Em 30/4/2024, faltavam mais US$ 60 mil que já estavam com TH que foi repassado a Índio e totalizou US$ 1 milhão.
Em maio, Pezão entregou a TH R$ 4 milhões e recebeu US$ 750 mil. Como TH apresentava a Índio taxas de conversão mais altas do que as cobradas por doleiros, os investigadores acreditam que ele embolsava o lucro.
A investigação mostra que Pezão voltou ao Alemão em 2022. Estava há anos fora da favela fugindo da polícia. Em 2023, a polícia descobriu Índio comunicando TH de que precisava enviar dinheiro a Pezão. Em uma das ocasiões, Índio, segundo a PF, enviou R$ 55 mil em espécie a Pezão pelo pagamento de bazucas antidrones.
Para a Polícia Federal, esse grande número de dinheiro em espécie é uma tentativa de evitar o sistema de controle bancário.


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