
Após 19 horas de júri, a advogada Janadaris Sfredo foi condenada a 28 anos de prisão sob a acusação de mandar matar o também advogado Marcos André de Deus Félix. A motivação do assassinato – ocorrido mediante à emboscada, em março de 2014, na Praia do Francês – foi a disputa judicial de reintegração de posse de uma pousada.
Apesar da pena de 28 anos de reclusão, Janadaris Sfredo cumprirá 50% da sentença em regime fechado. Como ela já passou quatro anos presa, a pena foi subtraída para 24 anos. Então, ela passará 12 anos no sistema prisional.
O julgamento foi iniciado na manhã de quinta-feira (14), no Fórum Desembargador Jairo Maia Fernandes, no Barro Duro, em Maceió, e se estendeu até a madrugada desta sexta (15).
Nove testemunhas foram ouvidas em júri presidido pelo juiz Geraldo Amorim, da 9ª Vara.
O julgamento
Sem argumentação para assegurar a liberdade da ré, a defesa tentou desqualificar a vítima e apresentou testemunhas que entraram em contradição o tempo todo. Um depoimento foi desqualificado e outra testemunha, identificada como Izabel, que mora na Itália, foi colocada na condição de declarante.
“Um júri difícil e que exigiu muito de nós. A defesa, sem qualquer favorecimento, tentou suas estratégias para inocentar a cliente, mas tínhamos um processo robustecido com provas indiscutíveis contra ela. O Ministério Público conclui o júri certo de que cumpriu com o seu papel. Após mais de uma década de espera, a ré vai pagar pelo crime por ela arquitetado e o coração de cada familiar da vítima se sentirá mais aliviado. Hoje não encerramos, apenas, mais um caso. Hoje colocamos um ponto final numa triste e dolorida história”, disse o promotor de Justiça Coaracy Fonseca, que esteve ao lado de assistentes de acusação, os advogados Roberto Moura, Julia Figueiredo e André Argolo.

Um episódio que também marcou o julgamento foi da expulsão do marido de Janadaris Sfredo. Ele foi retirado do tribunal após ter gritado com o juiz. Na ocasião, o magistrado havia perguntado se a irmã da vítima, que estava depondo, queria que o companheiro da acusada saísse do salão. Ela disse que se sentiria mais confortável. Sérgio Luiz Sfredo disse que não sairia, falando alto e dizendo que, como cidadão, tinha o direito e que ia permanecer. Depois de sair, ele foi proibido de retornar.
Janadaris vai para a Central de Flagrantes e depois para o Instituto Médico Legal para o exame de corpo de delito. Em seguida, a advogada presa será acompanhada até o presídio feminino.
Vítima identificou algoz antes de morrer
Como testemunha de acusação, o advogado Antônio Carlos, que trabalhou por muitos anos com Marcos André em uma usina, rendeu elogios à vítima. Ele reforçou que o colega de profissão informou que Janadaris era a responsável pelo atentado ainda no leito do hospital, antes de falecer.
“Comecei a falar com ele coisas triviais, dizendo que ficar lia bom, tivesse fé que os amigos estavam torcendo e orando por ele. Como o estado dele era delicado e exigia repouso, para não forçá-lo muito a falar, deram uma prancheta ao Marcos e ele escreveu que Janadaris era a responsável por tudo, além de mencionar os 50 mil. Fui inocente me desfazendo do papel, pois achava que ele resistiria”, afirmou ao complementar que o valor R$ 50 mil seria o pagamento pela execução da sentença.
Família aliviada com sentença
Com camisas pretas e brancas, parentes da vítima pediram por Justiça depois de 11 anos e cinco meses de espera. A irmã, Manuela de Deus Félix, passou mal enquanto acompanhava o julgamento.
“Meu irmão não voltará, mas hoje nos enchemos de fé e acreditamos em nosso Deus. Pelo menos vai amenizar essa dor que se estendeu por onze anos e desequilibrou emocionalmente de todos da família”, declarou
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