
A movimentação de carretas carregadas de areia, para abastecer a Braskem, está acabando com o asfalto da AL-101/SUL e colocando em risco os motoristas que transitam pela rodovia, no trecho de Maceió a Penedo.
O vai e vem de caçambas, à serviço da mineradora, na rodovia estadual já era grande até o final do ano passado, mas aumentou consideravelmente, depois que a Braskem passou a comprar areia de uma jazida localizada na zona rural de Piaçabuçu, a poucos metros das dunas do Pontal do Peba, na foz do Rio São Francisco, na divisa de Alagoas com Sergipe.
A denúncia foi feita pelo vereador de Piaçabuçu, Eufrásio Dantas, que defende o fim da extração de areia na zona rural do município.
Segundo ele, a movimentação intensa de carretas de areia está destruindo a estrada, além de colocar em risco a vida dos motoristas que trafegam pela AL-101/Sul. Ele lembra que em junho do ano passado, uma turista mineira morreu e o motorista do micro-ônibus de turismo também faleceu, após a colisão com uma caçamba carregada de areia e à serviço da Braskem. A colisão aconteceu quando a caçamba entrou pista com tudo, provocando o acidente, na altura do povoado Poxim, em Coruripe.
“O risco de um novo acidente como aquele do ano passado é muito grande na AL-101/Sul, principalmente agora, com o início da alta temporada de turismo, que tem aumentado a movimentação de carros na rodovia”, enfatizou o vereador Eufrásio. Semana passada, ele esteve no povoado Potengy, analisando de perto as demandas e constatando os transtornos causados pela empresa LE Mineradora, que além do impacto ambiental, vem fazendo quebra-molas irregulares e provocando acidentes na região. “A situação exige atenção imediata. Por isso, estamos propondo uma audiência pública na Câmara para debater essa situação”, revelou.
Eufrásio disse ainda que vai conversar com o prefeito Rymes Lessa, para saber da Prefeitura de Piaçabuçu o que pode ser feito para suspender a extração de areia na Fazenda Várzea do Roçado, onde fica a jazida explorada pela empresa do empresário Lula Leão, um dos sócios da antiga Usina Utinga Leão, com sede em Rio Largo.
“Vou falar com o prefeito Rymes Lessa, que sempre demonstra compromisso com o município e, sem dúvidas, irá tomar as providências necessárias para atender o povoado, mandando retirar ou sinalizar esse quebra-molas, antes que um acidente mais grave aconteça”, finalizou.
Além de Piaçabuçu, a extração de areia, para abastecer a Braskem, avança com força também no povoado Poxim, na zona rural de Coruripe. O entre e sai de caçambas indo buscar ou carregadas de areia é grande na entrada da fazenda Águas de Pituba, onde se encontra a jazida que vem sendo explorada há cerca de dois anos. A atividade está licenciada pela ANM e pelo IMA desde 2016, com renovações que vão até 2026. Quem frequenta o povoado Dunas do Marapé lamenta que um local tão bonito, um verdadeiro cartão postal, esteja sendo destruído pela extração predatório de areia, cuja entrega à mineradora estaria sendo feita pela empresa L Pereira.
Empresa diz que extração de areia está legalizada
A reportagem da Tribuna Independente procurou ouvir o dono da empresa LE Mineradora, Lula Leão, mas ele não deu retorno.
Segundo sua assessoria jurídica, a atividade de exploração dessa jazida de areia, na zona rural de Piaçabuçu e poucos metros do povoado Potengy, está toda legalizada, com autorização da Agência Nacional de Mineração (AMN) e com licença ambiental fornecida pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA).
A mineradora vem retirando areia das proximidades do Pontal do Peba, desde o início de 2025, para abastecer a Braskem. A areia é usada para tamponar as cavidades das minas de sal-gema desativadas desde 2019, em Maceió.
Por meio de nota, o IMA informou que “o empreendimento L E Mineradora Ltda. possui licença ambiental válida, emitida pelo Instituto, para a operação de extração de areia no município de Piaçabuçu”.
A assessoria de comunicação do Instituto disse ainda que “o IMA realiza fiscalizações periódicas no local e, até o presente momento, de acordo com o relatório da última vistoria, realizada em 25 de julho de 2025, foi constatado que a atividade está restrita a uma única poligonal devidamente licenciada, em conformidade com os termos da autorização ambiental. Portanto, não foram identificadas irregularidades na atividade desenvolvida”.
Além disso, “também foi confirmado que o ponto de extração de areia em Piaçabuçu se encontra a, aproximadamente, dois quilômetros das dunas costeiras, respeitando os limites estabelecidos na licença ambiental”.
A assessoria do Instituto encerra a nota de esclarecimento dizendo que “o papel do IMA é garantir o equilíbrio entre a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico, atuando de forma técnica, transparente e responsável na fiscalização, no licenciamento e na proteção ambiental, assegurando à sociedade alagoana o cumprimento da legislação e a defesa do meio ambiente”.
As Dunas
A região é um paraíso ecológico de águas claras, com animais silvestres. É uma área de proteção ambiental que luta contra o desmatamento. O mar é calmo com águas translúcidas, e a areia é grossa. É frequentada principalmente por moradores e pescadores locais.
Cercada por dunas, aqui é onde há o encontro do rio São Francisco com o Oceano Atlântico, que, juntos, formam um lindo espetáculo da natureza. Nesta área de proteção ambiental, o Projeto TAMAR desenvolve programas de proteção das tartarugas-marinhas.
As Dunas do Pontal do Peba, em Piaçabuçu, são uma atração natural deslumbrante que se estendem por quilômetros de areia dourada, formando um cenário único na foz do Rio São Francisco, oferecendo passeios de bugue, paisagens incríveis para fotos e pores do sol inesquecíveis, sendo um paraíso ecológico dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) das Dunas de Piaçabuçu.


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